O choro de Judas






Durante muitos anos ouvia um choro forte vindo de um buraco escuro e lá no fundo tinha alguém que se confinava com a sua própria consciência, pedindo a ajuda de qualquer um que pudesse aliviar tamanha dor. A dor do arrependimento. Nunca falou o motivo, mas o mundo inteiro sabia do seu deslize e da sua traição. O seu nome era  Judas.

Na verdade ele nem queria se lembrar do resto da história.

Muitas pessoas foram até ele atirando uma pedra. Outras zombavam de sua fraqueza, desejando que continuasse por muito tempo ainda dentro daquele buraco.

No seu desespero desconsolado queria apenas uma dose daquele remédio que cura todas as chagas: uma dose de perdão.

Algumas pessoas  foram até ele esbofeteando -lhe o rosto.

- Traidor! -  gritavam.

Outras lhe rogavam mil pragas e assim muitos anos se passaram. Ninguém conseguiria lhe perdoar. Ninguém pedia por ele em suas orações.

Judas conhecia dentro da alma o peso de sua própria condenação e já era o bastante para ser eternamente infeliz.

Foi desleal com um amigo, o melhor de todos. Foi inconsequente e traidor. O tempo não voltaria atrás.

Então só lhe restava chorar bem alto, tentando aliviar o seu coração.

Até que numa noite Judas estendeu o braço para fora do buraco escuro e quis alcançar o brilho das estrelas. Desta vez não se lamentava, somente queria que sua mão tocasse uma Luz que vinha do Alto.

De repente um vulto iluminado chegou mais perto  e acalentou a sua pele, percorrendo o seu corpo num abraço amigo.

Ele sentiu-se envergonhado em receber tanto carinho. Talvez não merecesse um pouco de amor.

Só que ao tentar se esconder novamente, a Luz se tornou cada vez mais forte, envolvendo a sua alma em um acalento Divino.

Ele chorava como um menino assustado.

Com certeza aquele conforto seria de alguém que não sabia quem era ele, querendo apenas lhe acalentar em seu colo fraterno.

Judas fechou os olhos agradecido e tentou lhe contar a sua verdadeira história; a mais triste de todas.

 

Mas uma voz sussurrou ao seu ouvido;
Que ficasse quieto, ali encolhido ...
Peito a peito, comovido.
Num momento de muita prece.
Pois o perdão os males esquecem.
E um verdadeiro amigo estará presente,
em forma de anjo ou de luz.
Porque o seu nome, ah o seu nome era ...
Para Sempre, Mestre Jesus!


  

 


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